A Honda e a Nissan estão reconsiderando um acordo firmado há menos de dois meses sobre uma possível fusão. A incerteza paira sobre a criação de uma das maiores montadoras do mundo, com ambas as empresas explorando diferentes alternativas, incluindo o fim das negociações.
Essas informações foram divulgadas após um artigo do jornal japonês Nikkei, que relatou a intenção da Nissan de encerrar o acordo devido à falta de consenso sobre os termos. Como resultado, as ações da Nissan caíram 4,8% em Tóquio, enquanto as da Honda subiram 12%. Em Paris, os papéis da Renault, maior acionista da Nissan, recuaram 3,4%.
A Bolsa de Tóquio chegou a suspender as negociações das ações da Nissan para verificar a veracidade das informações. Enquanto isso, Honda e Nissan afirmaram que anunciarão os próximos passos até meados deste mês.
Proposta de Aquisição Gera Tensão
A tensão entre as montadoras aumentou após rumores de que a Honda estaria considerando transformar a Nissan em uma subsidiária, contrariando os planos iniciais de criar uma holding conjunta. Essa proposta gerou resistência dentro da Nissan, complicando ainda mais as negociações.
Em dezembro, as empresas começaram a discutir a formação do terceiro maior grupo automotivo global, visando enfrentar concorrentes como Tesla e montadoras chinesas de veículos elétricos. Na época, o CEO da Honda, Toshiro Mibe, negou que o plano fosse um resgate da Nissan, que enfrenta desafios financeiros e organizacionais.
Condições da Fusão
Quando o memorando de entendimento foi assinado, a Honda destacou que a reestruturação da Nissan seria essencial para avançar com o negócio. Relatórios recentes indicam que a Nissan está reduzindo sua produção e cortando empregos, mas não planeja fechar fábricas.
Analistas apontam que as dificuldades financeiras e a falta de produtos elétricos competitivos podem dificultar a concretização do acordo. Além disso, a Honda e a Nissan precisam equilibrar o controle e as responsabilidades dentro da possível nova entidade.
Desafios para a Nissan
Com 36% de suas ações nas mãos da Renault, a Nissan enfrenta pressão para garantir um acordo favorável. A montadora tem lutado contra a perda de participação de mercado global e enfrenta uma dívida significativa. Nos últimos anos, a empresa passou por uma série de controvérsias, incluindo a prisão de seu ex-CEO Carlos Ghosn e uma queda acentuada nos lucros.
O fracasso nas negociações pode comprometer ainda mais a posição da Nissan na indústria automotiva, enquanto a Honda busca avançar em direção a um futuro mais sustentável e competitivo.